sexta-feira, 22 de outubro de 2010


A porta já estava aberta antes da tua chegada. A tua existência já se manifestava em mim quando me verifiquei no espelho. O olhar fervoroso e denunciado, o dia que se concretiza, sobre o magnetismo das esperas contidas, numa forma de aprender a viver. Soube quem tu eras quando descobri vagamente quem eu sou! Sorriste e logo no primeiro aconchego o brilho de um novo corpo, numa causa de múltiplas virtudes. Nunca pensei em considerar tanto o desejo do sabor do devir dos dias.

sábado, 18 de setembro de 2010

Inspiração


O silêncio que marca a cadência quotidiana desta inspiração de ar traz consigo um cheiro novo a infância.

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Depois da conclusão

Sobre a mesa um frio com vida própria que aguarda café, o bloco de notas mantém-se entreaberto, metáforas e outras chávenas usadas por anteriores cavalheiros apressados, o tabaco e as mãos incidindo sobre tudo isto. 
Enquanto se aguarda pela passagem do tempo que antecede a tua chegada, o cigarro que se acende, penso na lógica breve do acontecimento que não acompanha a interpretação dos gestos simples. Folheio a página na procura de uma palavra que não destrua a solidão nem os sorrisos claros. 

Dissonância.

Antes da conclusão

Ficamos a beber vinho enquanto brincávamos com a descoberta dos nossos nomes. Uma espécie de turismo de emoções distribuído pelo convívio das histórias das horas inquietas . Apareceu uma outra noite após o jantar e o efeito da predisposição denunciava a surpresa do espírito, em pequenas e originais trocas de diálogos. Uma intimidade se improvisa: biológica e estética. Do vivido ao pensado fica uma sensação de recompensa porque o vislumbre do fulgor não fica enclausurado ao seu sítio sepulcro do presente. 

Consonância.

domingo, 27 de junho de 2010

1º corte

Ele olhou-a como se não visse mais nada. A noite caíra. Estavam ambos sobre a mesa de jantar com a luz velada pelo castiçal de prata, entre suaves murmúrios a saborear as ostras e o caviar. Seria o início de uma refeição tão gentilmente servida por Jack. Iniciado pelo disfarce dos frutos vermelhos, o sabor do vinho não revelava o segredo da sua mistura nem os desejos sexuais que se seguiriam entre Madame Clarisse e o patrono da casa, Sir Winter. 
A casa estava tão deserta. Parecia adormecida e não ocultava nenhuma outra opção . Matilde entra novamente no salão e num gesto ligeiro de provocação interrompe o saborear de Sir. Seguem-se as carnes e o puré de batata, as ervilhas à francesa e os rabanetes. Prevê-se conflito ideológico seguido de obsessão erótica.