quarta-feira, 21 de março de 2012

(in)temporal II - a construção da personagem


Este homem que entra e sai da sombra do sabiamente gerido, trabalhando no escritório, cuida da sua imagem, publicitada ou não, contribui dia após dia para que seja cometido um crime diametralmente oposto aquilo que sente. Até porque a ordem do dia não tem contestação nem zurra ofensas.
Lembra-se ao entrar no elevador que queria dedicar-se ao estudo do antigo, dos monumentos e dos vestígios dispersos pela ideia deixada pelos documentários em formato VHS da colecção do avô. Uma pequena liberdade que ficara por aperfeiçoar. Mas se fosse médico seria talvez especialista de doenças de coração. Aparte divagações ou sonhos por cumprir, a porta do elevador abre-se e já no quinto andar onde fica seu gabinete, Aguinaldo evoca a sua função de organizador de tarefas e de pessoas. Ajeita a gravata, afina a visão através do retocar dos óculos. O compromisso na hora marcada. Mas acha que há algo de profundamente errado no modo como pensa.

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