A luz
noturna de Sábado chega indiferente e cerra a calçada silenciosa da rua, o Dr. Osório não
sabe se está vigilante ou se aguarda pelo passo seguinte a tomar. Após
caminhadas de circunstância ao quarteirão, na inquietude de matar o tempo,
regressa pela rua de baixo ladeando o jardim dos cisnes. Forçado pelo cansaço, evita entrar no nº 18 do prédio do cimo da Avenida. Senta-se junto do alpendre das
escadas meio atordoado pelo calor. Retira do bolso do casaco um papel, dobrado em quatro, já
amachucado pelas inúmeras vezes que o guardara. Nele continha um nome e um
adeus. A frase que continha, lia-a para dentro de si: “O amor cega
a inteligência e é o único alívio do meu cérebro. Mas vou sair. Vou voltar para
Barcelona!”.
A formação em filologia
foi-lhe muito eficaz no que respeita à escolha virtuosa das palavras.
Mas também lhe coube o favorável manuseamento vão de não se deixar
enganar pelo signo delas.
Como num prolongamento de qualquer situação indesejada
os lábios cerravam-se à força e o riso ironicamente a querer soltar-se dos
fundilhos da garganta. “Porra Teresa, que desilusão maldita!”. Será este o ultimo dia de Verão?
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